MADE IN PORTUGAL

in Jornal de Notícias 
(Edição em papel - 02-Nov-2011), por Arnaldo Martins:

Na Vila das Aves, o apelo do presidente da República, Cavaco Silva, na aposta no produto nacional é levado a sério. Na última ronda da Liga de Honra, o Aves apresentou um onze totalmente português e os suplentes utilizados também falam a língua de Camões.

A preferência pelo mercado português tem sido uma imagem de marca no clube que conta com mais participações na Liga de Honra (19). No empate (2-2) caseiro com o Santa Clara, na oitava jornada do campeonato, o técnico Paulo Fonseca apostou apenas em atletas lusos, o que acaba por ser uma consequência natural quando num grupo de 27 jogadores apenas três são estrangeiros, nomeadamente, o brasileiro Rafael e os costa-marfinenses Romaric e Dally.

"Penso que é uma aposta correcta por parte do clube contrariando a tendência que existe noutros lados, mas isto deve-se a um rigoroso trabalho de prospecção nos escalões inferiores", explica o técnico Paulo Fonseca, de 38 anos, que assumiu esta época o comando da equipa mais portuguesa das competições profissionais, depois de ter desenvolvido um trabalho de dois anos ao serviço do Pinhalnovense, da 2ª Divisão.

"As minhas escolhas não são condicionadas em função da nacionalidade dos jogadores", salvaguarda o treinador, que aprova o recente apelo do chefe de Estado na defesa do atleta português: "Os clubes têm de se virar para este caminho, pois a verdade é que não vejo grande acrescento de qualidade na maioria dos estrangeiros que vêem para Portugal".

Orgulho no sangue nacional

O capitão Tiago Valente fez parte do último onze, onde ainda alinharam Marafona, Geraldes, João Pedro, Nélson Pedroso, Romeu, Cervantes, Tito, Pedro Pereira, Pires e Vasco Matos. Bischoff, Renato e Fonseca foram lançados na segunda parte.

"Claro que comentámos entre nós o facto de termos jogado só com portugueses", confessa o defesa, de 26 anos, que cumpre a quarta época na casa avense.

No contingente português também fazem parte Rui Faria, Jonas, Marcelo, Leandro, Ricardo Chaves, Grosso, Quinaz, Ricardo Martins, Jorginho e Mamadu, que tem dupla nacionalidade (Portugal e Guiné-Bissau).

"O nosso trabalho merece ser valorizado, porque esta equipa é a prova que o atleta português tem talento. Os estrangeiros são e serão bem-vindos no Aves, mas é um orgulho saber que somos a equipa que tem mais sangue nacional nas quatro linhas", faz notar Tiago Valente, peça basilar na equipa que, no presente ocupa a nona posição no campeonato.

"O grupo é ambicioso e, certamente, terá uma palavra a dizer na corrida aos primeiros lugares", finaliza, convicto.